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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

GRANDES NOMES DO ROCK BRASILEIROS


CAZUZA

Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza (Rio de Janeiro, 4 de abril de 1958 — Rio de Janeiro, 7 de julho de 1990) foi um cantor, compositor e poeta brasileiro que ganhou fama como símbolo da sua geração como vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho. Sua parceria com Roberto Frejat foi criticamente aclamada. Dentre as composições famosas junto ao Barão Vermelho estão "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Pro Dia Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e "Bilhetinho Azul".
Cazuza tornou-se um dos ícones da música brasileira da década de 1980. Dentre seus sucessos musicais em carreira solo, destacam-se "Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Ideologia", "Brasil", "Faz Parte Do Meu Show", "O Tempo Não Pára" e "O Nosso Amor A Gente Inventa".
Cazuza também ficou conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico, tendo declarado em entrevistas que era bissexual. Em 1989 declarou ser soropositivo e sucumbiu à doença em 1990, no Rio de Janeiro. Também reconhecido pela sua inconfundível voz, ao lado de Raul Seixas e Renato Russo, é considerada uma das melhores vozes da música brasileira.

Infância e adolescência

Filho de João Araújo, produtor fonográfico, e de Lucinha Araújo, Cazuza recebeu o apelido mesmo antes do nascimento. Agenor, seu verdadeiro nome foi recebido por insistência da avó paterna. Na infância, Cazuza nem sequer sabia seu nome de batismo, por isso não respondia à chamada na escola. Só mais tarde, quando descobre que um dos compositores prediletos, Cartola, também se chamava Agenor (na verdade, Angenor, por um erro do cartório), é que Cazuza começa a aceitar o nome.
Cazuza sempre teve contato com a música. Influenciado desde pequeno pelos grandes nome da música brasileira, ele tinha preferência pelas canções dramáticas e melancólicas, como as de Cartola, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, Maysa e Dalva de Oliveira. Era também grande fã da roqueira Rita Lee, para quem chegou a compor a letra da canção "Perto do fogo", que Rita musicou.
Cazuza cresceu no bairro do Leblon e estudou no Colégio Santo Inácio até mudar para o Colégio Anglo-Americano, para evitar reprovação. Como os pais às vezes saíam à noite, o filho único ficava na companhia da avó materna, Alice. Por volta de 1965, ele começou a escrever letras e poemas, que mostrava à avó.
Graças ao ambiente profissional do pai, Cazuza cresceu em volta dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros. A mãe, Lucinha Araújo, também cantava e gravou três discos.
Em 1972, tirando férias em Londres, Cazuza conhece as canções de Janis Joplin, Led Zeppelin e Rolling Stones, e logo tornou-se um grande fã.
Por causa da promessa do pai, que disse que lhe presentearia com um carro caso ele passasse no vestibular, Cazuza foi aprovado em Comunicação em 1976, mas desistiu do curso três semanas depois. Mais tarde começou a frequentar o Baixo Leblon, onde levou uma vida boêmia. Assim, João Araújo criou um emprego para ele na gravadora Som Livre, da qual ainda é presidente. Na Som Livre, Cazuza trabalhou no departamento artístico, onde fez triagem de fitas de novos cantores. Logo depois trabalhou na assessoria de imprensa, onde escreveu releases para divulgar os artistas.
No final de 1979 ele fez um curso de fotografia na Universidade de Berkeley, em São Francisco, Estados Unidos. Lá descobriu a literatura da Geração Beat, os chamados poetas malditos, que mais tarde teria grande influência na carreira.
Em 1980 ele retornou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador. Foi nessa época que Cazuza cantou em público pela primeira vez.
O cantor e compositor Léo Jaime, convidado para integrar uma nova banda de rock de garagem que se formava no bairro carioca do Rio Comprido não aceitou, mas indicou Cazuza aos vocais. Daqueles ensaios na casa do tecladista Maurício Barros, nasceu o Barão Vermelho.

Barão Vermelho

O Barão Vermelho, que até então era formado por Roberto Frejat (guitarra), Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (bateria), gostou muito do vocal berrado de Cazuza. Em seguida, Cazuza mostra à banda letras que havia escrito e passa a compor com Roberto Frejat, formando uma das duplas mais festejadas do rock brasileiro. Dali para frente, a banda que antes só tocava covers passa a criar um repertório próprio.
Após ouvir uma fita demo da banda, o produtor Ezequiel Neves convence o diretor artístico da Som Livre, Guto Graça Mello, a gravar a banda. Juntos convencem o relutante João Araújo a apostar no Barão.
Com uma produção barata e gravado em apenas dois dias, é lançado em 1982 o primeiro álbum da banda, Barão Vermelho. Das canções mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul" (elogiadíssima por Caetano Veloso), "Ponto Fraco", "Down Em Mim" e a obra-prima "Todo Amor Que Houver Nessa Vida". Bom frisar que na época, Cazuza tinha apenas 23 anos, mas uma grande maturidade poética. Apesar de ser aclamado pela crítica, o disco vendeu apenas 7 mil cópias.
Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio e com uma melhor produção gravou o disco Barão Vermelho 2, lançado em 1983. Esse disco vendeu 15 mil cópias. Foi nessa fase que, durante um show no Canecão, Caetano Veloso apontou Cazuza como o maior poeta da geração e criticou as rádios por não tocarem a banda. Na época as rádios só tocavam pop brasileiro e MPB. O rótulo de "banda maldita" só abandonou o Barão Vermelho quando o cantor Ney Matogrosso gravou "Pro Dia Nascer Feliz". Era o empurrão que faltava, e a banda ganhou vida pública própria.


Maior Abandonado e Rock in Rio

A banda é convidada a compor e gravar o tema do filme Bete Balanço. A canção, "Bete Balanço", torna-se um dos grandes clássicos dos barões, impulsionando o filme que vira sucesso de bilheteria. A canção também impulsionou as vendas do terceiro disco do Barão, Maior Abandonado, lançado em outubro de 1984, que conquistou disco de ouro, registrando outras composições como "Maior Abandonado" e "Por Que a Gente é Assim?".
Em 15 e 20 de janeiro de 1985, o Barão Vermelho se apresenta na primeira edição do Rock in Rio (o maior e mais importante festival da América do Sul). A apresentação da banda no quinto dia tornou-se antológica por coincidir com a eleição do presidente Tancredo Neves e com o fim da Ditadura Militar. Cazuza anuncia esse fato ao público presente e para comemorar, cantou "Pro Dia Nascer Feliz".

"Não divido nada, muito menos o palco"

Cazuza deixou a banda a fim de ter liberdade para compor e se expressar, musical e poeticamente. Em julho de 1985, durante os ensaios do quarto álbum, Cazuza deixou o Barão Vermelho para seguir carreira solo. Suspeita-se que nesse mesmo ano começou a ter febre diariamente, indícios da AIDS que se agravaria anos depois. Ezequiel Neves (faleceu no dia 7 de julho de 2010), que trabalhou com o Barão, dividiu-se entre a banda e a carreira solo de Cazuza. "Fui 'salomônico'", declarou em entrevista ao Jornal do Commercio, em 2007, quando Cazuza completaria 49 anos.

Exagerado e Só Se For A Dois

Em agosto de 1985, Cazuza é internado para ser tratado por uma pneumonia. Cazuza exigiu fazer um teste de HIV, do qual o resultado foi negativo. Em novembro de 1985 foi lançado o primeiro álbum solo, Exagerado. "Exagerado", a faixa-título composta em parceria com Leoni, se torna um dos maiores sucessos e marca registrada do cantor. Também destaca a obra-prima "Codinome Beija-Flor". A canção "Só As Mães São Felizes" é vetada pela censura.
Cazuza gravou o segundo álbum no segundo semestre de 1986. Como a Som Livre terminou com o cast, Só Se For A Dois foi lançado pela PolyGram (agora Universal Music Group) em 1987. Logo depois, a PolyGram contratou Cazuza. Só Se For A Dois mostra temas românticos como "Só Se For A Dois", "O Nosso Amor A Gente Inventa", "Solidão Que Nada" e "Ritual".

Ideologia e O Tempo Não Pára

A AIDS (doença da qual provavelmente sofria desde 1985) volta a se manifestar em 1987. Cazuza é internado com pneumonia, e um novo teste revela que o cantor é portador do vírus HIV. Em Outubro, Cazuza é internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, para ser tratado por uma nova pneumonia. Em seguida, ele é levado pelos pais aos Estados Unidos. Lá, Cazuza é submetido a um tratamento a base de AZT durante dois meses no New England Hospital de Boston. Ao voltar ao Brasil no começo de dezembro de 1987, Cazuza inicia as gravações para um novo disco. Ideologia de 1988, inclui os hits "Ideologia", "Brasil" e "Faz Parte Do Meu Show". "Brasil" em versão de Gal Costa foi tema de abertura da telenovela Vale Tudo da Rede Globo.
Os shows se tornam mais elaborados e a turnê do disco Ideologia, dirigido por Ney Matogrosso, viaja por todo o Brasil. O Tempo Não Pára, gravado no Canecão durante esta turnê, é lançado em 1989. O disco se tornou o maior sucesso comercial superando a marca de 500 mil cópias vendidas. A faixa "O Tempo Não Pára" torna-se um de seus maiores sucessos. Também destacam-se "Todo Amor Que Houver Nessa Vida" com um novo arranjo mais introspectivo, "Codinome Beija-Flor" e "Faz Parte Do Meu Show". O Tempo Não Pára também foi lançado em VHS Vídeo pela Globo.


Burguesia

Em fevereiro de 1989, Cazuza declara publicamente que era soropositivo, ajudando assim a criar consciência em relação à doença e aos efeitos dela. Cazuza comparece na cerimônia do Prêmio Sharp de cadeira de rodas, onde recebe os prêmios de melhor canção para "Brasil" e melhor álbum para Ideologia.
Burguesia (1989) foi gravado com o cantor numa cadeira de rodas e com a voz nitidamente enfraquecida. É um álbum duplo de conceito dual, sendo o primeiro disco com canções de rock brasileiro e o segundo com canções de MPB. Burguesia é o último disco gravado por Cazuza e vendeu 250 mil cópias. Cazuza recebeu o Prêmio Sharp póstumo de melhor canção com "Cobaias de Deus".

Morte

Em outubro de 1989, depois de quatro meses a base de um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza parte novamente para Boston, onde ficou internado até março de 1990 voltando assim para o Rio de Janeiro.
No dia 7 de julho de 1990, Cazuza morre aos 32 anos por um choque séptico causado pela AIDS. No enterro compareceram mais de mil pessoas, entre parentes, amigos e fãs. O caixão, coberto de flores e lacrado, foi levado à sepultura pelos ex-companheiros do Barão Vermelho. Cazuza foi enterrado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Legado

Em apenas nove anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, 78 inéditas e 34 para outros intérpretes.
Após a morte de Cazuza, os pais fundaram a Sociedade Viva Cazuza em 1990. A Sociedade Viva Cazuza tem como intenção proporcionar uma vida melhor à crianças soropositivas através de assistência à saúde, educação e lazer.
Em 1997, a cantora Cássia Eller lançou o álbum Veneno AntiMonotonia, que traz somente composições de Cazuza.
As canções de Cazuza já foram reinterpretadas pelos mais diversos artistas brasileiros dos mais diversos genêros musicais.
A Som Livre realizou o show Tributo a Cazuza em 1999, posteriormente lançado em CD e DVD, do qual participaram Ney Matogrosso, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Zélia Duncan, Sandra de Sá, Arnaldo Antunes e Leoni.
No ano 2000 foi exibido no Rio de Janeiro e em São Paulo o musical Casas de Cazuza, escrito e dirigido por Rodrigo Pitta, cuja história tem base nas canções de Cazuza.
Em 2004 foi lançado o filme biográfico Cazuza - O Tempo Não Pára de Sandra Werneck.

Artistas relacionados

Dentre diversos artistas relacionados a Cazuza, podemos mencionar Simone (O tempo não pára e Codinome Beija-flor), Leoni (com quem compôs o maior sucesso, Exagerado), Léo Jaime (que apresentou Cazuza para a banda Barão Vermelho quando esta já estava formada e precisando de um vocalista para completar a banda), Lobão, tanto pela amizade com Cazuza quanto pela influência de um em outro, por ter sido grande inspiração no começo da carreira, Cássia Eller por ter sido a intérprete que mais gravou canções de Cazuza, Arnaldo Antunes pela influência marcante, Bebel Gilberto pela amizade e parceria em algumas músicas, Ney Matogrosso por ter sido namorado, Renato Russo, por ter homenageado duas vezes o ex-vocalista do Barão (com a canção em inglês Feedback Song For a Dying Friend e com a regravação de Quando Eu Estiver Cantando no show Viva Cazuza, em 1990) e Frejat, por ter sido um grande amigo e seu principal parceiro em composições musicais.

Discografia

Com o Barão Vermelho

  • 1982 - Barão Vermelho
  • 1983 - Barão Vermelho 2
  • 1984 - Maior Abandonado

Solo

  • 1985 - Exagerado
  • 1987 - Só Se For A Dois
  • 1988 - Ideologia
  • 1988 - O Tempo Não Pára - ao vivo
  • 1989 - Burguesia
  • 1991 - Por Aí (póstumo)
  • 2005 - O Poeta Está Vivo - Show no Teatro Ipanema 1987 - ao vivo (póstumo)


 


Videografia

 Com o Barão Vermelho

  • 2007 - Rock in Rio 1985 (DVD)

Solo

  • 1988 - Ideologia (VHS Vídeo)
  • 1989 - O Tempo Não Pára (VHS Vídeo)
  • 2008 - Pra Sempre Cazuza (DVD)

Filmografia

  • 1984 - Bete Balanço (participação especial)
  • 1987 - Um Trem para as Estrelas (participação especial)
  • 2001 - Cazuza - Sonho de uma noite no Leblon (documentário)
  • 2004 - Cazuza - O tempo não pára (biográfico)

Bibliografia

  • 1990 - Songbook Cazuza Vol. 1, de Almir Chediak, Lumiar Editora
  • 1990 - Songbook Cazuza Vol. 2, de Almir Chediak, Lumiar Editora
  • 1997 - Cazuza, Só As Mães São Felizes, de Lucinha Araújo e Regina Echeverria, Editora Globo
  • 2001 - Cazuza, Preciso Dizer Que Te Amo - Todas as Letras do Poeta, de Lucinha Araújo e Regina Echeverria, Editora Globo


LEGIÃO URBANA


foi uma banda brasileira de rock surgida em Brasília ativa entre 1982 e 1996. Ao todo, lançaram treze álbuns, somando mais de 20 milhões de discos vendidos. Ainda hoje, é o terceiro maior grupo musical da gravadora EMI-Odeon em venda de discos por catálogo no mundo, com média de duzentas mil cópias por mês. O fim do grupo foi marcado pelo falecimento de seu líder e vocalista, Renato Russo, em 11 de outubro recordistas de vendas de discos no Brasil incluído premiações da ABPD com dois Discos de Diamante pelos álbuns Acústico MTV de 1999 e Que País É Este de 1987.





História

A banda foi formada em agosto de 1982 após o termino de sua banda antiga, o Aborto Elétrico, devido a uma briga com o integrante Fê Lemos (bateria). Com o fim da banda, Fê Lemos e seu irmão, Flavio Lemos (contrabaixo), reunem-se com Dinho Ouro Preto e formam então o Capital Inicial. Para compor, Renato Russo se inspirava em bandas como Ramones, The Smiths, The Cure e Joy Division.


O começo

A primeira apresentação da Legião Urbana aconteceu em 5 de setembro de 1982 na cidade mineira de Patos de Minas, durante o festival Rock no Parque, que contou com outras oito atrações, entre elas a da Plebe Rude, que abriu o palco para a Legião.
Esse foi o único concerto em que a banda apareceu com a sua primeira formação: Renato Russo (vocalista e baixista), Marcelo Bonfá (baterista), Paulo Paulista (tecladista) e Eduardo Paraná (guitarrista), hoje conhecido como Kadu Lambach. Após a apresentação, Paulo Paulista e Eduardo Paraná deixaram a Legião. O próximo guitarrista seria Ico Ouro-Preto (irmão de Dinho Ouro-Preto, vocalista do Capital Inicial), mas foi logo substituído por Dado Villa-Lobos, que assumiu a guitarra da Legião em março de 1983.

O sucesso

Em 23 de julho de 1983, a Legião faz no Circo Voador, Rio de Janeiro, um concerto que mudaria a história da banda. Após a apresentação, eles são convidados a gravar uma fita demo com a EMI. No ano seguinte, entra o baixista Renato Rocha e começa então a gravação do primeiro disco.
O primeiro álbum Legião Urbana, lançado em 2 de janeiro de 1985, é extremamente politizado, com letras que fazem críticas contundentes a diversos aspectos da sociedade brasileira. Paralelo a isso, possui canções de amor que foram marcantes na história da música brasileira, como "Será", "Ainda é cedo" e "Por Enquanto", esta última que é considerada como a melhor faixa de encerramento de um disco, segundo Arthur Dapieve, crítico e amigo de Renato Russo. "Geração Coca-Cola" é outra música famosa deste álbum.
O segundo álbum, Dois, foi lançado em 1986. O disco deveria ser duplo e se chamar Mitologia e Intuição, mas o projeto foi recusado pela gravadora, fazendo com que o disco saísse simples. Em seu começo é possível ouvir um pouco da canção "Será" envolto a ruídos de rádio e do hino da Internacional Socialista. É o segundo álbum mais vendido da banda, com mais de 1,2 milhão de cópias, e considerado por muitos o mais romântico. "Tempo Perdido" fez um grande sucesso e se tornou num dos clássicos da Legião. "Eduardo e Mônica", "Índios" e "Quase Sem Querer" também fizeram sucesso.
Que País É Este 1978/1987 pode ser considerada a primeira coletânea feita pela banda de Brasília, embora todas as faixas tivessem sido regravadas e produzidas para este álbum e em estúdio. Este material foi programado para entrar no antigo projeto Mitologia e Intuição, que foi abortado pela gravadora. Das nove canções do disco, sete eram do antigo Aborto Elétrico. Esta é a obra mais punk da Legião Urbana e contém em seu encarte uma breve história do grupo. Foi o último trabalho oficial com a participação do então baixista Renato Rocha. Seu título provisório era Mais do Mesmo. As maiores músicas deste álbum foram "Que País É Este", "Faroeste Caboclo" e "Angra dos Reis".
O álbum As Quatro Estações de 1989 é considerado por muitos o melhor e mais inspirado trabalho deles, inclusive pelo próprio Renato Russo, além de conter o maior número de hits: são onze canções, das quais pelo menos nove foram tocadas incessantemente nas rádios. É o álbum mais vendido da Legião, com mais de 1,7 milhão de cópias, é também considerado o disco mais "religioso". O baixista Renato Rocha tocou com o trio nos três primeiros álbuns e chegou a gravar o baixo de algumas faixas desse álbum, mas acabou por deixar o grupo devido a desentendimentos com os outros membros. As linhas de baixo originalmente gravadas por Rocha foram regravadas por Dado e Renato, que se revezaram nos baixos e guitarras. Músicas legendárias como "Pais e Filhos" e "Monte Castelo" fizeram parte deste álbum.
Lançado em Novembro de 1991, V é o disco mais melancólico. Renato estava em um momento complicado de sua vida, com a descoberta de que era soropositivo um ano e meio antes, os problemas no relacionamento com o namorado americano, Robert Scott Hickman, e o alcoolismo. O álbum é recheado de canções atípicas para os "padrões" da banda. A atmosfera de "Metal Contra as Nuvens", com seus mais de onze minutos de duração, é um dos destaques, assim como a densa "A Montanha Mágica", a crítica social de "O Teatro dos Vampiros" e a melancólica "Vento no Litoral".
O álbum O Descobrimento do Brasil de 1993, época em que Renato Russo tinha iniciado o tratamento para livrar-se da dependência química e mostrava-se otimista quanto ao seu sucesso. Ainda assim, as letras oscilam entre tristeza e alegria, encontros e despedidas. É como se, para seguir em frente, fosse necessário deixar muitas coisas para trás, e não se pudesse fazer isso sem uma boa dose de nostalgia. Desta forma, Descobrimento é um álbum com fortes notas de esperança, mas permeado por tristeza e saudosismo. Ainda assim, é considerado por muitos o álbum mais "alegre" e delicado da Legião Urbana. E um dos que menos tocaram nas rádios. As faixas de sucesso foram "Vinte e Nove" e "Perfeição", música essa que foi na época uma pesada crítica ao Brasil, fez parte deste álbum.

Fim da banda

O último concerto da Legião Urbana aconteceu em 14 de janeiro de 1995, na casa de apresentações "Reggae Night" em Santos, litoral do estado de São Paulo. No mesmo ano, todos os discos de estúdio da banda até 1993 foram remasterizados no lendário estúdio britânico Abbey Road Studios, em Londres, famoso por vários discos dos Beatles; e lançados em uma lata, intitulada "Por Enquanto 1984-1995". A lata também incluía um pequeno livro, com um texto escrito pelo antropólogo Hermano Vianna, irmão do músico Herbert Vianna.
A Tempestade ou O Livro dos Dias, lançado em 20 de setembro de 1996, foi o último da banda. Além disso, o álbum possui densas músicas, alternando o rock clássico de "Natália" e "Dezesseis", ao lirismo de "L'Avventura", "A Via Láctea", "Leila", "1º de Julho" e "O Livro dos Dias" e ao classicismo de "Longe do Meu Lado".
As letras, em geral, abordam temas como solidão, passado, amor, depressão, homossexualidade, AIDS, intolerância e injustiças, sendo um disco "melodramático" e de alma triste.
Algumas canções do disco sugerem uma despedida antecipada, como diz o trecho "e quando eu for embora, não, não chore por mim", da canção "Música Ambiente". As fotos do encarte foram tiradas próximas à época do lançamento, exceto a de Renato, que foi aproveitada da sessão de fotos do seu álbum solo Equilíbrio Distante de 1995, já que o cantor se recusou a fotografar para o disco. O álbum A Tempestade foi lançado inicialmente na época como um clássico livrinho com capa de papelão e anos depois relançado como álbum comum (caixa de plástico). A foto do guitarrista Dado é diferente entre as duas versões. Com exceção de "A Via Láctea", as demais faixas do álbum possuem apenas a voz guia de Renato, que não quis gravar as vozes definitivas. Também não foram incluídas as frases "Urbana Legio Omnia Vincit" e "Ouça no Volume Máximo", presentes nos discos do grupo. Em seu lugar, uma frase do escritor modernista brasileiro Oswald de Andrade: "O Brasil é uma república federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus".
O fim oficial da banda aconteceu em 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte do mentor, líder e fundador da banda. Renato Russo faleceu 21 dias após o lançamento de A Tempestade, no dia 11 de Outubro de 1996.
Uma Outra Estação foi um álbum póstumo. A ideia original era de que A Tempestade fosse um álbum duplo. Como saiu simples, as sobras de estúdio foram compiladas nesse álbum de 1997. Canções como "Clarisse" ficaram de fora do álbum anterior por desejo do próprio Renato, que a considerava com uma temática muito pesada. A letra da canção "Sagrado Coração" consta no encarte porém não possui registro da voz de Renato. O álbum conta com participações especiais como Renato Rocha, baixista dos primeiros discos da Legião, e Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas do Sucesso.
A banda então prossegue fazendo sucesso e vendendo muitos discos, e se seguem muitas entrevistas e reportagens com os ex-integrantes, Dado e Bonfá. Muitos começam a ouvir as músicas da banda após a morte de Renato, aclamado por alguns até mesmo como herói, embora sem nenhum feito heroico, mas perpetuado como um portador de uma visão crítica e realista.

Comunicado sobre a "volta" da Legião Urbana

Em 05 de Setembro de 2009, o site oficial da banda divulgou um comunicado, em nome da família Manfredini, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e da gravadora EMI, esclarecendo que a Legião Urbana não voltaria às suas atividades, ao contrário das informações que circulavam através de boatos, uma vez por respeito a Renato Russo que jamais seria substituído. Ainda no intuito de aniquilar falsas informações, deixa claro que Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos não pretendem formar uma nova banda.
No entanto, como o assunto sobre "a volta" da banda andava em alta, tanto nos jornais de grande circulação, tabloides eletrônicos ou mesmo nos sites de discussão e relacionamento (principalmente por conta do show que Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá realizaram no festival Porão do Rock, no dia 20 de setembro de 2009 em Brasília), o comunicado fez questão de reiterar que os integrantes não pretendiam retomar a banda, mas tão somente existiria uma "possibilidade" para que fosse realizada uma única turnê, com cantores convidados, contando ainda com uma banda de apoio, formada por músicos uruguaios. No entanto, nada estaria confirmado.
O comunicado deixa registrado também o intuito do site oficial da banda, que é "estreitar os vínculos entre a obra da banda e seu público", além de se tornar uma fonte de comunicação oficial.


Lema

Presente em quase todos os encartes de álbum da banda, a frase em latim Urbana Legio omnia vincitLegião Urbana a tudo vence), adaptação feita por Renato Russo do mote Romana legio omnia vincitLegião romana a tudo vence), criado pelo ditador Júlio César, tornou-se o lema da banda. Entre os poucos álbuns em que o epíteto não aparece, está A Tempestade, último trabalho da banda lançado com Russo ainda em vida e no qual o vocalista já se encontrava em avançado estágio da AIDS.






A banda gravada por outros intérpretes

As canções da Legião Urbana inspiraram regravações por músicos das mais diversas estéticas e tendências. Entre as releituras mais conhecidas estão a de Cássia Eller, para "Por Enquanto" e "1° de Julho"; Pato Fu, para "Eu Sei"; Paralamas do Sucesso, para "Química" e "Que País é Este?"; Jerry Adriani, para "Monte Castelo"; Zélia Duncan e Reação em cadeia, para "Quase Sem Querer" Ira!, para "Teorema"; Lulu Santos, para "Índios", Titãs e ainda a banda portuguesa The Gift, para "Sete Cidades" e "Que País é Este?", Capital Inicial, para "Que País é Este?"; do Barão Vermelho, para "Quando O Sol Bater Na Janela Do Seu Quarto" e do Charlie Brown Jr para "Baader-Meinhof Blues".









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